Economia & Energia
Ano II - No 9
Julho/Agosto/1998

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Vínculos e&e

Olla_de_oro5362.gif (580 bytes)BEN98

Edição Gráfica:
MAK
Editoração Eletrônic
a
marcos@rio-point.com
Revisado:
Sunday, 13 December 1998.

http://ecen.com

Crescimento Econômico 1997 a 2010

Carlos Feu Alvim
feu@ecen.com

Nossos estudos anteriores mostravam as limitações para o crescimento Brasileiro. Reformulamos o modelo para apontar os caminhos para crescer. A tendência pós Real agravou as dificuldades de crescimento. Só é possível crescer incrementando a poupança interna e melhorando a produtividade do capital.

As projeções aqui apresentadas foram extrapoladas até o ano 2020. Consideramos o modelo mais adequado para projeções de médio prazo que se limitariam ao ano 2010.

O Crescimento Possível

Em 1995 quando foi redigido o livro Brasil: O Crescimento Possível (Editora Bertrand do Brasil – 1996) havíamos previsto um crescimento econômico para os próximos anos limitados a 4% ao ano, a menos de substanciais correções na trajetória econômica.

Sem essas correções um crescimento razoável só seria possível mediante transferência do exterior significativas que, no modelo baseado nas contas nacionais, significaria aceitar um déficit na balança de mercadorias e serviços. Projetamos limites superiores e inferiores do crescimento em função dessa transferência do ou para o exterior.

Para a transferência para o exterior de cerca de –2% (aporte externo líquido de bens e serviços correspondentes a 2% do PIB), como verificada nos três últimos anos, projetávamos um crescimento entre 2,5% e 4,3% o que foi considerado, na ocasião, como extremamente pessimista já que acreditava-se que o Brasil estava entrando em um novo ciclo de crescimento sustentado. Chamamos a atenção que o ingresso de recursos que permitiram este crescimento não seria sustentável no médio prazo.

O crescimento médio nos três últimos anos foi de 3,3% e deveremos fechar o quadriênio com um crescimento de cerca 3% ao ano.

A principal limitação apontada no livro era a escassez de investimentos e uma produtividade de capital em queda. Divergíamos substancialmente das avaliações em voga sobre a taxa de investimentos necessária para crescer. Acreditávamos, entretanto, na continuidade do crescimento da poupança territorial – com a correspondente redução da taxa de consumo - que favoreceria o crescimento futuro. Esta tendência se reverteu nos últimos anos o que dificulta ainda mais o crescimento.

As projeções de e&e para os próximos anos

A partir dos dados de 1947 a 1996 e utilizamos os disponíveis para 1997 avaliamos as perspectivas de crescimento econômico do Brasil nos próximos 10 anos. Em função das hipóteses de entrada pode-se chegar a diferentes taxas de crescimento para a economia.

Isto faz parte do esforço da equipe e&e no sentido de tornar disponível aos nossos leitores e parceiros os instrumentos para projeções econômicas e energéticas que é nossa área principal de atuação.

Diferentemente do esforço anterior (do livro) em que consideramos um cenário inercial e outro com alguma otimização, mas seguindo as mesmas tendências, trataremos aqui de um cenário que inclui uma política explícita de incremento na produtividade do capital. Este cenário será contraposto ao inercial.

Esta abordagem foi encorajada pela, em nossa avaliação, deterioração do modelo atual que não deixa antever o crescimento econômico que a sociedade brasileira necessita.

O crescimento dentro da tendência atual (inercial) e no cenário modificado

O modelo de projeção adotado – descrito no livro – condiciona o crescimento a três fatores principais. A poupança territorial P (parte do PIB não consumida), a produtividade do capital c (relação produto/capital) e as transferências ao exterior T.

As duas primeiras grandezas (P e c) são extrapoladas a partir do comportamento histórico. Na presente abordagem introduzimos a hipótese de uma mudança nas tendências históricas através de suposições dos valores limites. Nesta adaptação contamos com a colaboração de nosso colega Eduardo Marques que vem trabalhando com o modelo em outros cenários e em uma versão que permite a construção em microcomputador e através de um processo visual iterativo de diferentes cenários.

A transferência T é introduzida exogenamente e monitorada através de outros parâmetros econômicos notadamente o passivo externo líquido acumulado. Este passivo pode ser avaliado para diferentes valores da taxa de remuneração do capital.

O investimento  I  é, em cada ano resultado da poupança territorial menos os recursos transferidos para o exterior, ou seja:

          I = P - T

algebricamente, quando as transferências líquidas são negativas, o investimento resulta da poupança territorial mais as transferências do exterior. Projetando-se P e T projeta-se também I.

A partir de hipóteses sobre o estoque de bens de capital inicial quando foi iniciada a apuração das contas nacionais (1947), dos dados históricos de formação bruta de capital fixo do IBGE e de hipóteses de depreciação ou sucatamento desses bens obtém-se, para cada ano o estoque de capital K histórico e projetado.

A produtividade de capital é levantada para o passado a partir dos valores conhecidos do Produto Interno Bruto ( Y ) e do estoque de bens de capital. Projetando-se a produtividade tem-se o valor esperado do produto. Leva-se ainda em conta o efeito multiplicador do ingresso líquido de bens e serviços sobre o PIB (proporcional a -T).

Partimos do princípio que a limitação fundamental para o crescimento no médio prazo esta relacionada a capacidade de produzir expressa pelo capital bruto acumulado. A conjuntura econômica e financeira faz variar a produção em torno de um uso médio da capacidade instalada. As projeções baseiam-se nessa média (não são projeções de máximo).

A Poupança Territorial

A fração não consumida do PIB, poupança territorial, é uma grandeza importante para a projeção da economia do País porque indica a disposição da população a renunciar ao consumo. Fundamentalmente esta poupança destina-se ao investimento ou remessa ao exterior (na forma de saldo em bens e serviços).

A tendência ao crescimento sistemática deste parâmetro vinha sendo um fator positivo nas expectativas de crescimento. Os valores extremos, relativos a 1988 e 1989, são devidos a distorções nos preços relativos como mostram os valores a preços constantes (de 1980).

Nossas projeções anteriores apostavam na manutenção desta tendência de crescimento da poupança territorial..

A partir do início da década de noventa, e particularmente após o plano Real, houve queda deste indicador da propensão a poupar. Embora não se disponha dos valores a preços de 1980, os dados do IBGE com referência aos preços vigentes no ano anterior mostram que a queda observada é real.

A queda neste indicador compromete as perspectivas de crescimento já que resulta em um investimento apenas suficiente para um crescimento mínimo do PIB per capta.

Na figura vemos a projeção deste parâmetro para dois cenários. No cenário "inercial" seria mantida a tendência dos últimos anos. Mesmo neste cenário consideramos uma reposição da taxa de poupança nos próximos anos até sua estabilização em torno de 20% do PIB ao ano.

No cenário "modificado", a poupança territorial retomaria a tendência "pré Real". Adota-se o melhor ajuste para os dados até 1994 prevendo-se alcançar – no longo prazo – uma taxa de poupança territorial de 28% do PIB. Considerou-se que o retorno à tendência anterior dar-se-á no horizonte dos próximos quatro anos.

Esta mudança, mesmo significando uma retomada da tendência anterior, implica um ajuste a partir de 1999 onde deverá haver alguma restrição ao consumo e estímulo ao investimento.

É sempre bom lembrar que no conceito das Contas Nacionais, adotado no modelo, investimento é associada a formação bruta de capital fixo, ou seja, ao aumento ou renovação do estoque de máquinas, equipamentos, bens de construção civil e outros. O chamado investimento financeiro ou especulativo, sobretudo em uma economia como a brasileira onde sua principal função é financiar a dívida pública, pouco tem a ver com o investimento que estamos nos referindo.

O Estoque de Capital

O estoque de capital surge dos dados da acumulação dos investimentos, expressos pela formação bruta de capital fixo das contas nacionais, acumulados ao longo do tempo. Este capital é depreciado seguindo uma curva de sucatamento diferente para bens de construção civil e máquinas e equipamentos (e outros).

Destes dados resulta o estoque de capital expresso em termos relativos ao PIB de 1980. Também indicamos os valores em dólares de 1997 embora consideremos – como a maioria dos analistas – ser este um valor artificial do câmbio.

Produtividade de Capital

A produtividade do capital resulta da divisão dos valores do PIB pelo valor do estoque de capital representado acima. A figura seguinte representa a produtividade de capital assim obtida. Pelos dados foi ajustada uma logística que pode ser utilizada nas projeções.

 

Em artigo anterior mostramos que a queda na produtividade de capital não é um fenômeno isolado da economia brasileira (e&e No 1). Ela foi marcante em países como a Coréia do Sul e Japão. A Coréia que, nos meados da década de sessenta, investia cerca de 18% do PIB para crescer 10% ao ano estava investindo, na década de oitenta, 30% do PIB para crescer os mesmos 10%. No início da década de 90 mesmo investindo 35% do PIB não alcançava este crescimento. O Japão que manteve durante mais de 3 décadas um investimento da ordem de 30% do PIB conseguia crescer 10% na década de sessenta e menos de 5% na década de oitenta.

Na década de sessenta o Brasil investia cerca de 16% do PIB para crescer 6% ao ano. Na década de oitenta o Brasil investia cerca de 22% do PIB e só crescia 2%.

Consideramos como inercial a alguma perda de produtividade de capital evoluindo para um valor de 0,35 (melhor ajuste para dados passados) e, no cenário modificado, atingiria um valor de 0,40 (razão capital/produto 2,5). Esta diferença de 12,5% entre uma hipótese e outra modifica fundamentalmente as projeções de crescimento da economia. Este ganho de produtividade - cujo valor não chega a impressionar - significa, no entanto, mudanças significativas na política econômica e no sistema produtivo. Provavelmente será mais fácil alcançar progressos na produtividade de máquinas e equipamentos que a de bens de construção civil que constituem a parte mais significativa do estoque de capital (76% em 1997).

Incrementar a poupança territorial e a produtividade de capital são os pilares fundamentais de uma política de crescimento econômico para os próximos anos.

Transferências para o Exterior

É fácil entender que a entrada de capitais cria possibilidades de investimentos. Inversamente a saída de capitais limita este investimentos. Como o Brasil não produz divisas, no médio prazo, a entrada de capitais corresponde a um déficit na balança de bens e serviços e a saída de capitais a um superávit.

As transferências para o exterior influem diretamente no crescimento econômico. Essas transferências não são fruto, porém, de vontade política. Em países, como o Brasil, com um mercado interno com vasto potencial de aumento de demanda, os excedentes são, em grande parte, produto de restrições ao consumo tanto de bens produzidos no país como o de importados. A política econômica interna tem que se ajustar para produzir os saldos na balança de bens e serviços.

Os dois cenários não diferem muito em relação a estas transferências. Chega-se, em ambos os cenários, a 2010 com um saldo na balança comercial de 2% do PIB que é mantido nos anos seguintes. Isto significa uma transferência para o exterior de cerca de 1,1% do PIB.

A entrada contínua de capital externo em valores líquidos só ocorre como cenário provável em mentes irresponsáveis. Os investimentos diretos pressupõem envio de dividendos assim como os financeiros de juros. Não se deve esperar em países devedores ou com parte significativa de seu capital em mãos de aplicadores externos senão um fluxo negativo de capital no médio prazo.

As projeções

As tabelas seguintes resumem o crescimento econômico nos dois cenários. O PIB esperado ainda leva em conta o efeito multiplicador das transferências sobre a atividade econômica global do ano (para evitar iterações usa-se a transferência projetada para o ano anterior). Esta correção, explicada no livro citado, leva em conta, por um lado o efeito multiplicador na economia de um excedente de importações sobre exportações pelo valor agregado localmente aos produtos importados. Analogamente a exportação de um produto (principalmente intermediários) interrompe a cadeia de produtos e serviços associados com sua integração na cadeia produtiva e com os serviços associados ao seu consumo.

Cenário: inercial

Variável

Unidade

1997

1998

1999

2000

2005

2010

2015

2020

Produtividade de Capital

0,38

0,38

0,38

0,37

0,36

0,36

0,36

0,36

Poupança Territorial

Bi US$ 1997

139

144

153

162

180

188

197

205

Balança Comercial

Bi US$ 1997

-8

-4

-2

0

7

19

20

21

Transferências ao Exterior

Bi US$ 1997

-19

-15

-14

-11

-4

10

10

10

Investimentos

Bi US$ 1997

158

159

167

173

184

177

186

195

Variação

% aa

3,1%

0,6%

4,9%

3,7%

0,7%

-1,1%

0,9%

0,9%

PIB

Bi US$ 1997

803

816

830

840

904

941

984

1027

Variação

% aa

3,0%

1,6%

1,7%

1,2%

1,5%

0,5%

0,9%

0,8%

PIB per capita

US$97/hab

5059

5076

5097

5091

5416

5123

5154

5216

Variação PIB percapita

% ano

1,4%

0,0%

-0,6%

-1,2%

0,3%

-0,5%

0,1%

0,2%

Consumo

Bi US$ 1997

664

672

677

678

724

753

788

822

População

Milhões hab

158,7

160,8

162,9

165,0

166,9

183,6

191,0

196,9

Consumo per capita

US$97/hab

4182

4181

4155

4107

4336

4100

4125

4174

Variação Consumo percapita

% ano

1,7%

0,3%

0,4%

-0,1%

0,3%

-0,5%

0,1%

0,2%

 

Cenário: modificado

Variável

Unidade

1997

1998

1999

2000

2005

2010

2015

2020

Produtividade de Capital

0,38

0,38

0,38

0,39

0,40

0,40

0,40

0,40

Poupança Territorial

Bi US$ 1997

139

153

177

205

290

366

468

601

Balança Comercial

Bi US$ 1997

-8

-4

0

4

11

28

36

45

Transferências ao Exterior

Bi US$ 1997

-19

-16

-11

-7

-1

16

19

23

Investimentos

Bi US$ 1997

158

168

188

212

291

350

449

579

Variação

% aa

3,1%

6,4%

11,4%

13,2%

4,7%

3,6%

5,1%

5,2%

PIB

Bi US$ 1997

803

822

844

879

1136

1410

1777

2256

Variação

% aa

3,0%

2,4%

2,6%

4,1%

4,8%

4,2%

4,8%

5,0%

PIB per capita

US$97/hab

5059

5114

5181

5325

6808

7681

9303

11458

Variação PIB percapita

% ano

1,4%

-0,4%

-1,6%

-0,4%

3,5%

3,1%

3,9%

4,2%

Consumo

Bi US$ 1997

664

669

667

673

847

1044

1309

1655

População

Milhões hab

158,7

160,8

162,9

165,0

166,9

183,6

191,0

196,9

Consumo per capita

US$97/hab

4182

4163

4096

4081

5072

5687

6852

8404

Variação Consumo percapita

% ano

1,7%

1,1%

1,3%

2,8%

3,6%

3,2%

4,0%

4,3%

Os gráficos seguintes resumem a evolução do PIB esperada, do PIB per capita e consumo per capita

 

O Passivo Externo Líquido

 A dívida externa é um parâmetro importante na projeção do desenvolvimento do país. No longo prazo ela representa uma limitação ao crescimento já que implica na remessa – sem contrapartida – de recursos ao exterior. É bom lembrar que o crédito externo que a alimenta não é, em si, um fator negativo ao desenvolvimento. Ao contrário, o surto de desenvolvimento dos anos setenta foi acelerado com a entrada de capital – e o correspondente bens e serviços - do exterior.

Se o acréscimo em investimentos permitem um excesso de produção cujo resultado líquido permita superar os encargos dos empréstimos o investimento propiciado pelo crédito exterior pode ter uma resultante benéfica para o país.

No livro Brasil: O Crescimento Possível mostramos que em virtude do choque de juros e das perdas nas relações de troca o resultado positivo da década de setenta já havia sido cancelado na década de oitenta e, no início dos anos noventa, o balanço era bastante negativo, resultando em uma perda equivalente a 13% do PIB anual.

O mesmo pode se passar com os atuais investimentos externos no Brasil ou com a aquisição do estoque de bens de capital pelo capital externo. A remessa de dividendos está, para os investimentos diretos, como o pagamento de juros está para os empréstimos. No caso, o fator de mérito seria o acréscimo de produção líquida que estes investimentos acarretariam em relação as perdas de investimento com a remessa de dividendos.

Para se ter uma idéia da importância que já tem a remessa de dividendos podemos lembrar que o Brasil pagou no ano de 1997 juros líquidos de 10,4 US$ bilhões e remeteu dividendos em um valor líquido de 5,6 US$ bilhões. Ou seja, a remessa de dividendos já representa mais de 50% dos juros.

Do ponto de vista de uma empresa um empréstimo é interessante quando o lucro adicional permite pagar os juros e pagar uma parte do empréstimo. Do ponto de vista global do país o mesmo se aplica. O que o Brasil consegue poupar é, como vimos, da ordem de 20% do PIB ou 7% do estoque de capital. Como a depreciação do capital é de cerca de 11% do PIB ou cerca de 4% do capital os juros ou remessas de capital não podem superar 3% ao ano. Este é o limite de juros (ou dividendos) reais que o País pode remeter dentro da tendência atual (cenário inercial) para que os recursos externos não estorvem o crescimento. Evidentemente este não seria um país viável para os especuladores ou investidores de risco.

Mesmo na hipótese da permanência por mais tempo desses capitais no País isto poderia significar que um percentual crescente da economia nacional poderia estar na mão do capital externo. A permanência do capital aqui, com o reinvestimento dos lucros corresponderia ao não pagamento dos juros: No caso dos juros cresce a dívida externa no caso do reinvestimento cresce o capital que – mais cedo ou mais tarde – remeterá dividendos.

Porisso parece interessante avaliar o passivo externo líquido que existiria nos dois cenários. Este passivo corresponde á adição à dívida externa ao estoque de capital acumulado neste caso tanto físico como financeiro.

A evolução deste parâmetro foi comparada nos dois cenários para uma taxa de remuneração do capital de 6,2% ao ano. O limite considerado razoável em termos de país foi de 40% do PIB ou cerca de 15% do estoque de capital. No ano 2010 este passivo estaria atingindo 80% do PIB ou 28% do capital (cerca 40% do capital em 2020). O País estaria prestes a deixar, definitiva e literalmente, de pertencer aos brasileiros.

É interessante notar que para a taxa de remuneração de capital de 6,2% ao ano (real), que foi adotada – modesta nos padrões dos aplicadores que buscam o mercado brasileiro – não existe nenhum cenário de transferência que coloque sobre controle o passivo externo líquido brasileiro. Uma transferência substancial que poderia reduzir o passivo (numerador) reduz também o crescimento do PIB (denominador) da variável representada no gráfico abaixo.

Conclusões Preliminares

Se já estávamos convencidos, nos meados desta década de que só com uma otimização do modelo vigente conseguiríamos crescer a uma taxa razoável hoje estamos absolutamente convictos de que a continuação do modelo vigente nos últimos cinco anos, com importante aumento de consumo (redução da poupança territorial) e produtividade de capital decrescente é inviável: a política econômica precisa ser mudada.

O primeiro efeito das mudanças estruturais que vieram com a abertura à importação, principalmente dirigida a bens de consumo, foi profundamente negativo para o crescimento econômico. A modernização a qualquer custo representa, por outro lado, perdas na produtividade de capital.

Se algum crescimento econômico foi possível nos últimos cinco anos foi graças ao estoque de capital acumulado anteriormente e pelo efeito multiplicador e complementador das importações (ou do consumo interno dos produtos anteriormente exportados). Este recurso se esgotou e, nos anos de ajuste que inevitavelmente virão será revertido.

A receita para crescer não está em desacordo – para surpresa dos pretigitadores econômicos - com o que indica o senso comum: poupar mais e usar melhor a capacidade de produção.

Com ganhos razoáveis de produtividade de capital e recuperação da tendência histórica da poupança é possível crescer, não no ritmo dos sonhos - eleitoreiros ou não - mas, após um ajuste nos próximos dois anos, firme e consistentemente a cerca de 5% ao ano.