Economia & Energia
Ano VIII -No 45:
Julho-agosto 2004  
ISSN 1518-2932

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e&e No 45

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Artigo:

A Prospectiva Tecnológica: Previsão com um Simples Modelo Matemático.

Texto para Discussão:

Mais Trabalho e emprego com o mesmo Capital ou Como Incrementar a Produtividade de Capital.

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Textos para Discussão:

MAIS TRABALHO E EMPREGO COM O MESMO CAPITAL OU COMO INCREMENTAR A PRODUTIVIDADE DE CAPITAL.

Carlos Feu Alvim
feu@ecen.com

1 – Introdução

O Brasil apresenta baixa produtividade de capital em relação ao seu grau de desenvolvimento como mostramos em trabalhos anteriores.

Os esforços para incrementar a produtividade no Brasil quase sempre estiveram dirigidos ao insumo abundante (trabalho) ao invés do insumo escasso (capital). Não é raro, também, que a produtividade seja referida à produção física e não ao valor agregado. Ora, se tomarmos o exemplo de uma indústria (capital intensiva) como a do aço fará pouquíssimo sentido avaliar a produtividade em toneladas de aço por trabalhador sem levar em conta o valor comercial do produto e a eficiência no uso do capital.

Uma política de crescimento para o Brasil deve dar ênfase à produtividade dos bens de capital existentes e a instalar. Em nossa avaliação, isto poderia contribuir significativamente para superar as limitações ao crescimento que o Brasil vem enfrentando nos últimos 25 anos. Com efeito, cada ponto percentual ganho na produtividade global do capital significa – para o mesmo estoque de capital – igual acréscimo percentual no PIB.

O desafio é, pois, gerar mais produto e mais empregos com o mesmo capital.Tentar estabelecer sugestões para uma política neste sentido – como a existente em outros países: Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e Alemanha - é o objetivo deste trabalho.

Neste artigo procuramos: (1) relembrar o diagnóstico macroeconômico já levantado, (2) comentar o diagnóstico setorial (microeconômico) realizado para indústrias brasileiras pela Consultora McKinsey que já realizou outros trabalhos comparativos a nível mundial, (3) identificar a necessidades de aprofundar o conhecimento do assunto e (4) sugerir algumas medidas de caráter macroeconômico e microeconômico no sentido de incrementar a produtividade de capital.

2 - Relembrando o Diagnóstico Macro

No Brasil, precisa-se, a partir de 1990, do dobro de capital necessário em 1970 para gerar uma unidade de produto e quase três vezes o que era necessário em 1950.  Essa maior quantidade de capital necessária para gerar um produto, conjugada com a queda no investimento, tem estancado nosso crescimento. Um país em desenvolvimento, onde o capital é o fator escasso, deveria apresentar uma produtividade de capital maior que a de países desenvolvidos. Esta produtividade decresceria gradualmente no seu processo normal de crescimento.

No entanto, quando esta produtividade se aproxima rapidamente do nível dos países desenvolvidos sem que, contudo, tenhamos atingido a mesma renda destes países (caso do Brasil) estamos diante de um ponto de estrangulamento no processo normal de crescimento do país.

A preocupação com o decréscimo da produtividade do capital pode ser verificada, no Brasil, em estudos onde a razão capital/produto (K/Y) aparece como fim ou como meio de determinar cenários de crescimento. Além de nossos trabalhos anteriores, podemos citar trabalhos divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Aplicada – IPEA, como Morandi, Zygielszyper, Reis (2000), Bacha e Bonelli (2001) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES, Carvalho (1996). Também, podemos mencionar trabalhos que levantam o problema na América Latina, Hofman(1992) e Hofman (1997).

Na tese de Aumara Feu (2002) sobre a produtividade de capital podemos distinguir três fatores que, do ponto de vista macroeconômico, contribuíram para a redução da produtividade de capital:

a)    Efeito conteúdo - o aumento do estoque de capital por unidade de produto nos setores;

b)    Efeito estrutura - a realocação da produção para setores mais intensivos em bens de capital;

c)    Efeito Preço – aumento do preço dos bens de capital em relação ao preço dos demais produtos.

Para a finalidade deste trabalho, é importante distinguir a contribuição de cada efeito. Também é interessante conhecer nossa produtividade a preços internacionais para avaliar nossa competitividade relativa a outros países. Na Figura 1 é mostrada a evolução da razão capital / produto (a) estimada em valores correntes (produtos e investimentos corrigidos pelo deflator do PIB), (b) a preços constantes e (c) a preços internacionais.

Comparando a evolução em valores constantes e em valores correntes, pode-se avaliar o efeito preço. A produtividade de capital, entre 1970 e 2000, caiu 45% em valores correntes. Desta queda, dez pontos percentuais podem ser atribuídos ao fator preço.  Pode-se ver, na Figura 1, que o preço teve papel preponderante na segunda metade da década de oitenta.

A distinção entre o efeito conteúdo e estrutura também foi estudada no referido trabalho. Para os países desenvolvidos (da OCDE) foi possível avaliar os dois efeitos ao longo de duas décadas e meia (1970 a 1994) já que se dispunha dos dados setoriais de investimento. Para o Brasil só foi possível analisar (na mencionada tese) o período 1985 a 1994 usando-se a estrutura setorial do IBGE e as razões capital/produto setoriais apuradas para a OCDE. Desta avaliação resultou que cerca de ¾ do decréscimo da produtividade naquele período (a preços constantes) pode ser atribuído ao efeito estrutura[1]. Isto é, o Brasil mudou sua distribuição do produto entre os diversos setores no sentido de privilegiar os mais intensivos em capital.

Figura 1: Razões K/Y para o Brasil, com o investimento corrente, constante em moeda nacional e em moeda internacional. Fonte: Tese Aumara Feu (2002)

É bom lembrar, dentro desta recapitulação do diagnóstico, os resultados encontrados para a razão capital/produto no que concerne os estoques de capital nos Itens: máquinas e equipamentos, outros, construção civil residencial e construção civil não residencial.

Ao contrário do que uma análise precipitada poderia concluir, a razão entre o estoque de máquinas e equipamentos e o produto total não aumentou com o tempo.  Ela chegou a um máximo em 1980 e vem decaindo desde então. Aliás, em valor absoluto, o estoque de máquinas e equipamentos do início da década de oitenta decaiu até meados da década de noventa e só foi recuperado no início dos anos 2000. Ou seja, o valor real de nosso estoque de máquinas e equipamentos é hoje quase igual ao existente em 1980.

Figura 2: Contribuição, por tipo de bem, à razão Capital/Produto. Fonte: e&e No 44.

Sendo assim, podemos inferir da Figura 7 que o grande responsável pela perda de produtividade de capital (aumento da razão capital/produto) foi o segmento de construções não residenciais.[2]

Como conclusão desta recapitulação:

·        A produtividade de capital no Brasil é baixa considerando seu nível de desenvolvimento;

·        O preço de bens de capital é responsável por cerca de 20% na perda na produtividade de capital (10% em 45%);

·        Existem indicações de que parte da queda da produtividade se deveu ao deslocamento da atividade produtiva para setores intensivos em capital;

·        O grande responsável pela queda na produtividade de capital é o aumento do estoque de bens de construção não residencial em relação ao PIB.

3 - Diagnóstico Micro

No nível microeconômico existem estudos comparativos entre os mesmos setores produtivos em diferentes países para diagnosticar a situação real da produtividade dos fatores em unidades de produção.

Esses estudos podem apontar para técnicas de gestão de forma a realocar os recursos de forma produtiva e eficiente. Para o Brasil, a consultora McKinsey realizou um dos seus estudos comparativos. O resultado para alguns setores acham-se especificados na Tabela 1

Produtividade Total em Indústrias Estudadas (EUA=100)

Setor

Produtividade Total

Produtividade do Trabalho

Produtividade do Capital

"capital share"(2)

Aço

77

68

87

50

Telecomunicações

64

45

75

69

Linhas Aéreas

61

47

79

50

Indústria Automobilística (1)

52

31

170

30

Fonte: MCKinsey (1) só veículos de passageiro, (2) estimado usando a função Cobb-Douglas com o “share” de capital estimado para um conjunto de países estudados. [3]

Os resultados do estudo mostram uma produtividade de capital inferior em cerca de 20% à dos EUA para três dos quatro ramos industriais apresentados, e superior à daquele país na indústria automobilística.

Para uma comparação de diagnósticos ao nível de indústrias com o diagnóstico macroeconômico é preciso uma compatibilidade de parâmetros que não existe naturalmente entre os dois tipos de estudos[4]. No entanto, como a análise setorial usa critérios homogêneos entre os diversos países analisados é possível usar os resultados de estudos setoriais para favorecer um macro objetivo  que poderia se constituir em aumentar a produtividade de capital do país.

O estudo da McKinsey - bem como outros que possam existir nesta área – poderia e deveria ser utilizados para atingir esse objetivo global. Da análise preliminar de seu resumo executivo (os estudos setoriais também estão disponíveis na Internet), poder-se-ia chegar à conclusão (precipitada) que não há muito a fazer na área de produtividade de capital já que a diferença entre nossa produtividade e a dos EUA não supera a 25% em nenhum dos setores[5]. Existiriam ganhos muito maiores a serem obtidos na produtividade do trabalho. Estaríamos, no entanto, nos esquecendo que no mesmo estágio de desenvolvimento em que estamos a produtividade de capital nos países que hoje pertencem ao primeiro mundo era muito superior a de agora.

Tomemos, por exemplo, o setor automobilístico onde a produtividade de capital era – como era esperado em um país em desenvolvimento – 70% superior à americana (ano de 1994). Provavelmente, não por acaso, a produtividade do trabalho nesse setor (apontada pelo estudo) seja apenas 31% da correspondente à dos EUA.

Um critério mais racional para incrementar a produtividade seria visar elevar a produtividade total (relativa à dos EUA). No entanto, deve-se prestar atenção ao fazê-lo na divisão da remuneração entre capital e trabalho[6]. No estudo da McKinsey, em virtude de seu objetivo comparativo, a divisão entre a remuneração dos fatores é baseada em média entre países, sendo de 30% para o capital e 70% para mão de obra no setor automobilístico em questão. Acontece que essa divisão da remuneração entre capital e trabalho é resultante da média para os diversos países analisados e, quase certamente, não vale para o Brasil onde a remuneração do trabalho é geralmente menor. Ou seja, mesmo quando se busca incrementar a produtividade total em relação aos EUA, pode-se não estar levando em conta que, no Brasil, o peso do capital é maior que nos EUA. Talvez fosse mais interessante manter esta vantagem comparativa existente do que aumentar a produtividade de trabalho em detrimento da de capital.

Deve-se ressaltar que o estudo da McKinsey não se limita, entretanto, a sugerir medidas para um setor ou outro setor específico, mas traça o quadro geral para os diversos setores. O trabalho procura quantificar o número de empregos desativados (“job losses”) e o investimento que seria necessário fazer para que a mão de obra excedente fosse absorvida com o crescimento e fosse ainda incrementado o emprego formal. De acordo com o estudo, com um crescimento de 5% ao ano, não haveria queda da informalidade em razão do incremento da produtividade do trabalho projetada no Brasil. Seria necessário elevar a taxa de investimento dos atuais 19% para 26% do PIB e crescer a 8,5% ao ano, para o país conseguir decrescer sua informalidade de 50% para 40% em dez anos. Segundo o estudo, além de crescer a 8,5% ao ano, o Brasil teria, também, que incrementar sua exportação em 12% ao ano para fazer frente à importação necessária para reformular e modernizar o parque produtivo.

Ou seja, o incremento da produtividade total com ênfase em atingir níveis de produtividade de trabalho dos países desenvolvidos só faz sentido macroeconômico em um quadro de acelerado crescimento econômico. Na ausência deste crescimento ele resultaria em um agravamento do desemprego e da informalidade.

4 - É Necessário Aprofundar o Diagnóstico

Seria necessário, inicialmente, aprofundar o diagnóstico sobre as causas da ineficiência no uso do estoque de bens de capital. Um diagnóstico equivocado poderia levar a medidas que aprofundem o problema ao invés de minorá-lo. Por exemplo: O Brasil apresenta, nos últimos anos, baixa taxa de investimento (formação bruta de capital fixo). A oferta de crédito, a juros subsidiados, ou mesmo a garantia pelo Governo, através de preços administrados, da rentabilidade do investimento pode agravar o problema da baixa produtividade de capital[7].

Como assinalamos, a queda na produtividade do capital (a preços constantes) pode estar ocorrendo tanto pelo direcionamento da produção para técnicas mais intensivas em capital como pela realocação do capital em setores mais intensivos no uso deste fator. Na economia real, onde os preços relativos variam, o preço dos bens de capital é outro fator importante.

Portanto, o conhecimento do comportamento das variáveis que afetam a produtividade de capital, a nível agregado e desagregado possibilitará apontar medidas, a nível macroeconômico e setorial, capazes de melhorar o desempenho do país nesse quesito.

Deveriam ser estimulados estudos que contribuam para direcionar o planejamento governamental e empresarial no futuro, visando reorientar os investimentos para setores ou para técnicas menos intensivas no uso deste fator e gerar cenários de crescimento mais significativos para o futuro.

Como pontos preliminares da política a ser adotada para superar o atual quadro poderíamos apontar a eliminação de gargalos no sistema produtivo, atenção especial aos fatores de processo, preocupação quanto à qualidade de investimentos e não somente a quantidade.

Medidas para implementar a produtividade de capital

Aumentar a produtividade de capital de um país continental como o Brasil não é tarefa elementar principalmente quando ainda não se dispõe de um diagnóstico definitivo. Listamos, a seguir, algumas medidas tanto de caráter  global como local que poderiam, em uma análise preliminar, contribuir para o incremento da produtividade de capital:

1.    Maior uso do parque produtivo: Uma medida importante na redução da razão capital / produto é possibilitar utilização mais intensiva dos bens de produção existentes, ampliando dias e horários de funcionamento. Isso devera ter como conseqüência um aumento na demanda por trabalho e oferta de emprego a partir do mesmo parque produtivo. A concretização desse objetivo pode requerer medidas que favoreçam, sem prejuízo para o trabalhador, a eliminação, por exemplo, definitiva ou em caráter temporário, das limitações trabalhistas ao maior uso do parque produtivo.

2.    Priorizar investimentos em setores produtivos menos intensivos em capital: a análise da produtividade de capital deveria ser instrumento para concessão de créditos favorecidos.[8] Logicamente os incentivos ao investimento não devem resultar em estimulo a ineficiência do uso do capital que resultaria no aumento da razão capital / produto.

3.    Incentivar setorialmente a produtividade de capital: Um mesmo setor pode aumentar sua produtividade pelo melhor uso dos meios de produção. A exemplo do que já é feito em programas de qualidade, medidas na área gerencial poderiam incrementar, ao mesmo tempo, as produtividades do capital e trabalho.

4.    Aumentar qualitativamente o valor agregado em cada setor: Como a produtividade do capital corresponde à  razão produto / capital, ela pode ser aumentada com a redução do denominador ou o aumento do numerador. O numerador poderia ser elevado se o país procurar participar de etapas mais avançadas da produção não se detendo em produtos intermediários  (predominantes em nossa pauta de exportação). Outras formas de valorizar o produto, como a melhoria de sua qualidade, de seu nível de sofisticação e a incorporação de novas tecnologias também deverão ser perseguidas. Não se deve também perder de vista os aspectos comerciais como a consagração de marcas que costumam representar parte significativa do valor agregado.[9]

5.    Tributação coerente com o objetivo de aumentar a produtividade de capital: Em uma fase em que é necessário aumentar a capacidade de produzir é preferível que a taxação se dirija aos bens de consumo do que aos bens de produção. O estímulo ao investimento deve ser seletivo para não introduzir supressão de empregos que não se justificaria economicamente sem o subsídio ao capital.

6.    Favorecimento ao desenvolvimento em cidades médias e pequenas em detrimento dos grandes aglomerados urbanos: Da análise resulta que o grande aumento na razão capital / produto (queda da produtividade de capital) está ligado às construções não residenciais que caracterizam as grandes concentrações humanas. Favorecer a desconcentração urbana significa reduzir necessidades de investimentos em estrutura urbana por produto gerado.

7.    Redução dos custos associados ao Governo: É necessário reduzir os custos de investimento associados aos processos burocráticos, regulatórios e administrativos. Deve-se reduzir o prazo de duração das obras que, por incorreções de planejamento ou por sua multiplicidade, acaba deixando ocioso o capital por vários anos, aumentando a razão capital / produto e onerando o custo dos investimentos. Mormente no setor publico, cuidar também de reduzir custos pela racionalização e moralização do processo de licitação e concorrências.

Conclusões

Partimos da constatação de que a baixa de produtividade de capital é uma das causas da estagnação crescimento per capita no Brasil. A idéia, neste artigo, é traçar um roteiro que parte de um diagnóstico sobre a queda da produtividade do capital no Brasil e chega a indicar possíveis ações que visariam incrementar a produtividade do capital e, conseqüentemente,  elevar o crescimento do país.

A identificação das medidas está longe de ser exaustiva ou definitiva. Não seria surpreendente que uma análise mais apurada venha indicar que algumas delas sejam ineficazes ou até contraproducentes.

Se o tema é relevante, como acreditamos, ele deveria ser objeto de reflexão e análise da sociedade incluindo entidades de classe, governamentais e legislativas. Seria também desejável que essa reflexão não retardasse as ações quando houver sobre o assunto um razoável consenso.

Deve-se lembrar que algumas das ações já estão acontecendo, sendo que em algumas delas a contribuição governamental pode ser simplesmente a de não atrapalhar. No número anterior de nossa revista, citamos alguns fatos promissores como os vôos noturnos com preços promocionais que favorecem o maior uso do capital investido nas aeronaves e aeroportos e o fato da Ford estar utilizando sua capacidade de produção em algumas unidades durante as 24 horas do dia. Recentemente o metrô do Rio passou a oferecer passagens mais baratas para quem embarque mais cedo. Há muito tempo também, os “Shoppings” descobriram que para compensar o investimento era necessário funcionar em horário ampliado. Por outro lado, embora por razões diferentes das aqui apontadas, já se observa uma tendência de transferir a produção para centros urbanos menores.

Em outros pontos parece que continuamos caminhando em sentido contrário ao desejado: em particular a política tributária e até (em alguns pontos) a política trabalhista, desfavorecem o uso do fator trabalho em benefício do capital. São também preocupantes os custos adicionais impostos ao investimento produtivo por excessos legislativos, regulatórios e burocráticos. A falta de planejamento, as incertezas econômicas e os juros excessivos também continuam a retardar e encarecer os investimentos, reduzindo a produtividade de capital.

REFERÊNCIAS:

BACHA, Edmar L. e Regis Bonnelli, ”Crescimento e Produtividade no Brasil: o que nos diz o Registro de Longo Prazo.” Rio de Janeiro: Seminários da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA 52, 2001.

CARVALHO, José Carlos, “Estimativas do Produto Potencial, Relação Capital/Produto e Depreciação do Estoque de Capital.” Rio de Janeiro: Textos para Discussão, Área de Planejamento do Departamento Econômico do BNDES 44, 1996.

FEU ALVIM, Carlos. “Produtividade do Capital: uma Limitação a mais ao Crescimento Brasileiro” Economia & energia, 44 (Maio-Junho), 2004.

FEU, Aumara. Produtividade do Capital no Brasil de 1950 a 2002. 151 f. Tese (Doutorado em Economia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2003.

______.  “Avaliação da Produtividade de Capital no Brasil no Século XX. Economia & Energia,  43 (Março/Abril), 2004.

HOFMAN, André. Capital accumulation in Latin America: a six country comparison for 1950-1989. Review of Income and Wealth, v. 38, n. 4, p. 365-401, Dez. 1992.

______. The economic development of Latin America in the twentieth century. Northampton, MA: Edward Elgar, 2000.

MORANDI, Lucilene; ZYGIELSZYPER, Nora; REIS, Eustáquio. Tendências da Relação Capital/Produto na Economia Brasileira. Rio de Janeiro: IPEA, oct. 2000. (Boletim Conjuntural do IPEA n. 51)


 

[1] Para dois setores, onde existiam os dados de investimento disponíveis, foi feita uma análise da evolução do efeito intensidade para o Brasil. A conclusão foi de que, pelo menos para esses dois setores, o efeito intensidade foi subestimado.

[2] Um dos fatores que devem ter contribuído para isto é o rápido processo de urbanização no Brasil e o crescimento de grandes aglomerações. Entre 1940 e 2000, a taxa de urbanização no Brasil passou de 31% para 81% . A necessidade de infra-estrutura urbana pode ser, em parte, responsável pela redução na produtividade de capital.

[3] A produtividade total aqui é uma média, com ponderação geométrica, das produtividades (do capital e trabalho) relativas às dos EUA. Não se trata da chamada “produtividade total dos fatores” comumente associada à tecnologia.

[4] O estudo aponta uma produtividade para economia como um todo 60% superior  ao dos EUA o que contraria a conclusão de nossos trabalhos e de outros autores que estudaram o tema. A adoção de curvas de depreciação mais próximas das usadas para fins contábeis (menor prazo de amortização) levaria a resultados deste tipo.

[5] No de telecomunicações onde é 75%  em relação à dos EUA.

[6] É esperado que a remuneração do capital seja, nos países em desenvolvimento como o Brasil, superior à dos países centrais. Essa maior remuneração implicaria em um maior peso da produtividade de capital na apuração da produtividade total.

[7] Neste mês (de Julho de 2004) só a proximidade de uma eleição impediu (ou adiou) um aumento da contribuição das empresas à Previdência Social. Autoridades do governo haviam prometido compensar esta medida com redução na taxação em outras áreas. Conforme foi revelado posteriormente, essas mediadas estavam destinadas a desonerar os investimentos (capital) que viriam a compensar mais um ônus imposto ao trabalho.

[8]  Deve-se notar que a avaliação da produtividade de capital por setores não é intuitiva. O serviço público, por exemplo, é capital intensivo já que é necessário um grande investimento em obras civis por funcionário cujo salário acaba por ser o elemento para apuração da contribuição do serviço público para o PIB. O mesmo acontece com o turismo que exige grande investimento por produto.

[9] O Brasil  apesar de possuir competitiva indústria de calçados não tem marcas de peso neste setor. O produto brasileiro é, freqüentemente, vendido no exterior com marcas externas que, em alguns casos, ocultam a procedência.

 

Graphic Edition/Edição Gráfica:
MAK
Editoração Eletrônic
a

Revised/Revisado:
Wednesday, 22 September 2004
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