Economia & Energia
No 36: Janeiro-Fevereiro 2003  
ISSN 1518-2932

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Se Athina Onassis Investisse no Brasil

Carlos Feu Alvim(*)
feu@ecen.com

Imagine-se na posição de um investidor que possua um milhão de dólares para aplicar no Brasil. O rendimento real médio do capital produtivo brasileiro é, como mostramos anteriormente[1], de 3% ao ano.

Ou seja, aplicando em imóveis, na indústria ou no comércio o cidadão pode, na média, esperar duplicar seu patrimônio em 23 anos. Esse valor pode ser obtido aplicando de cabeça  a “regra do 69”  [2] ou fazendo os cálculos em uma calculadora.

Pode parecer pouco mais não é. Imagine que um garoto (ou garota) receba, aos dezoito anos, um milhão de dólares de herança. Com esse rendimento ele poderia encerrar suas atividades, aos 64 anos, com um capital de 4 milhões de dólares. Nos padrões de qualquer sociedade civilizada, ele (ou ela) teria administrado excelentemente seus bens.

Imaginemos que esse rapazinho de 18 anos tivesse, em Junho de 1990,  colocado todo o seu dinheiro em títulos do Governo Brasileiro. Hoje, com apenas 30 anos de idade, ele teria quintuplicado seu patrimônio. Isso explica porque caíram os investimentos reais no Brasil.

Dizem os jornais que a neta do Onassis tomou posse, ao completar  18 anos, nesse 28 de Janeiro de 2003, de um pouco mais de 100 milhões de dólares de sua fortuna avaliada em um bilhão de dólares americanos. Se os títulos do governo brasileiro continuarem pagando 15% reais ao ano, ela teria, fazendo essa aplicação, mais de meio bilhão de dólares ao chegar aos 30 anos Aplicando um décimo de sua fortuna, ela chegaria a uma vez e meia o que tem hoje.

A escala de dificuldades de multiplicar um capital é inversa a do seu montante total. No nosso exemplo, se o rapaz tivesse recebido mil dólares teria mais chances de multiplicar seu capital que com um milhão. Também teria muito mais chance de perdê-lo. Já a Athina teria ainda muito mais dificuldades em multiplicar por cinco sua centena de milhões de dólares.

Pois bem, em termos de Brasil, ou da dívida que foi gerada no processo de pagar esses juros, estamos falando de dezenas ou centenas de bilhões de dólares que se multiplicaram a este ritmo espantoso. Como um governo de um país, cujo crescimento de capital é da ordem de 3%, pode pagar por mais de dez anos juros reais de 15% ao ano? Acho que não pode.

Em todo caso, se fosse amigo de Athina Onassis Roussel não a aconselharia a colocar os seus 100 milhões de dólares em aplicações especulativas no Brasil.

Moral da história: nos anos noventa era melhor ser neta do especulador Soros que do armador Onassis. 


  [2] Pela “regra do 69” (do meu amigo Othon Pinheiro da Silva)  o tempo de dobramento de um capital é obtido dividindo 69 pela taxa de juros. Ou seja para a taxa de 3% ao ano o tempo de dobramento é 69/3=23 anos. Não é exata mas, mesmo para os juros que o Governo paga aos bancos, ela ainda funciona bastante bem. Só não dá para aplicá-la aos juros anuais pornográficos que os bancos nos cobram no nosso cheque especial.

Graphic Edition/Edição Gráfica:
MAK
Editoração Eletrônic
a

Revised/Revisado:
Thursday, 19 February 2004
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Se o Brasil continuasse pagando juros reais de 15% ao ano Athina Onassis, que recebeu 100 milhões de dólares ao completar dezoito anos, teria transformado esse dinheiro no equivalente a 500 milhões de dólares quando chegasse aos trinta anos. Ou seja, aplicando 10% de sua fortuna total (estimada em 1 bilhão de dólares) ela teria uma vez e meia sua fortuna atual. Isto ilustra a enormidade de juros paga internamente pelo Brasil nesses últimos 12 anos.