Economia
& Energia |
No 32 English Version |
Carta aberta com destinatário fechado
Dívida
Pública e Reservas do Brasil
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Carlos Feu Alvim Nossa geração (os nascidos nos anos 40) cresceu na ilusão de que estava mudando o mundo. Os caminhos que seguíamos eram diversos e nem sempre convergentes mas todos (ou boa parte) tínhamos um ideal e perseguíamos uma utopia de um país melhor em um mundo mais livre, mais justo, mais solidário e mais humano. Não tardou percebermos que a alegria dos tempos JK não eram um fato natural da vida. Mas a loucura do Jânio, os desencontros do Jango e a noite do regime militar não apagaram a esperança já que, apesar dos pesares, o Brasil crescia e se modificava. Ainda a década perdida de oitenta foi de voluntariosa reação contra a adversidade onde o País reagia à crise enfrentando o desafio (para ficar na área energética) de produzir petróleo em águas profundas, no esforço pioneiro do álcool, de construir Itaipu e de enriquecer o urânio e também de reconstruir a democracia. Os anos noventa foram os do “laissez faire” do neoliberalismo e, paradoxalmente, do neointervencionismo na moeda, no câmbio, nos juros. Anos do não planejar, de destruição da capacidade do Governo de intervir nas políticas industrial, educacional e de desenvolvimento. Como havia que exercer o poder, auxiliava-se o mercado com brutais intervenções nas variáveis financeiras cujas conseqüências de médio e longo prazo nunca eram nem são corretamente avaliadas. O deus mercado resolveria tudo, o investimento externo substituiria a poupança interna, a modernidade eliminaria o atraso, a abertura nos tiraria do subdesenvolvimento. A concorrência nos tornaria competitivos. As crianças teriam direito de escolher entre a escola e a rua, protegidas pelo novo estatuto da criança e do adolescente e assistidas por ONGs. Parcerias com a iniciativa privada resolveriam problemas que o governo não conseguia resolver. Os empresários retrógrados brasileiros seriam obrigados a se virar sem a proteção do Estado e até sob brutais intervenções no câmbio e nos juros. Em compensação, eles estariam livres dos “excessivos” direitos dos trabalhadores e reformas estruturais aliviariam a carga tributária. Salvo as “carreiras de estado” seria destruída a função pública e revogados os privilégios dos servidores[1]. Menos governo era o lema, Planos e Políticas Setoriais: coisa do passado. As privatizações trariam melhores serviços e menores tarifas. Reações contra a destruição de capacidade nacional de produzir, contra o desmonte de empresas eficientes (embora estatais) e contra a deterioração de centros de excelência eram apenas reações corporativistas.Foi decretado o fim das ideologias e de certa forma, das nações. As coisas não deram certo? Deve-se aprofundar as reformas. As reformas conduziram a resultados desastrosos? Elas foram feitas com irresponsabilidade e houve muita corrupção. As tarifas subiram e os serviços não melhoraram? Falhas no processo de privatização e tarifas comprimidas e irrealistas do passado. As idéias mudaram e mudarão a História. Se as ideologias são a dogmatização das idéias a ausência de idéias significa o “fim da História”. As grandes mudanças no destino das nações se basearam em idéias e até em ideologias. Foi uma revolução na forma de pensar que criou e perpetuou a civilização grega. Uma nova idéia sobre forma de governo e do papel do estado criou o Império Romano. A idéia da República elevou a importância da França no mundo e fez nascer a nação, hoje hegemônica, dos EUA. O nazismo recuperou a Alemanha e também gerou o maior desastre humanitário. As idéias marxistas produziram o Império Soviético. Dessas mesmas idéias e de uma reforma da ideologia surgiu a nova China. A esperança foi o que restou ao homem quando abriu a caixa de Pandora. Outro dia um “marqueteiro”, arauto dos novos deuses, dizia que o povo vota em quem lhes traz esperança. Não queremos nem devemos voltar ao passado, ao contrário, necessitamos para o Brasil[2] uma visão de futuro: de uma nova utopia. |
Graphic Edition/Edição Gráfica: |
Revised/Revisado:
Friday, 13 May 2011. |