Economia & Energia
Ano II - No 10
Setembro/Outubro 1998

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Bolívia – Brasil

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marcos@rio-point.com
Revisado:
Monday, 17 November 2003.

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TERMELÉTRICA DO NORTE
DO
ESPÍRITO SANTO

Genserico Encarnação Júnior
eeegense@nutecnet.com.br

Após longas e exaustivas negociações, Escelsa e Petrobras concordaram com quase tudo para construir, em parceria, a primeira usina termelétrica de porte do Espírito Santo. Restou um pequeno impasse técnico que poderia diminuir a atratividade sobre o capital aplicado. Pelo acordo, a Escelsa seria responsável em aportar todo o dinheiro necessário, a Petrobras forneceria o gás natural durante 15 anos. Em tempos de crise, a Escelsa pediu tempo. Não retirou o projeto da pauta do seu Conselho. Estuda formas satisfatórias de financiamento em vez de aplicar recursos próprios. Com a atual política de juros altos fazer aplicações financeiras é muito mais negócio do que investimentos produtivos. Banqueiros e diretores de fundos de pensão são muito sensíveis a isso.

O projeto da termelétrica considera uma capacidade de, no mínimo, 150 mega-watts (MW). Isso representa gerar pouco mais de 15% das necessidades totais de um Estado que importa cerca de 80% de sua energia elétrica. Significa quase dobrar a atual capacidade de geração da Escelsa.

Com essa decisão da concessionária de energia elétrica, o Governo do Estado ficou livre para procurar investidores alternativos ou que viessem compor com a Escelsa e a Petrobras um novo arranjo empresarial. É o que a ADERES está fazendo pelo Governo. Sem citar nomes, no seu portfólio existem mais de uma dezena de interessados, que a visitaram externando suas intenções de participar neste negócio.

O economia do ES, principalmente a região norte, depende desse empreendimento para o seu desenvolvimento. Sua concretização não pode retardar. O Governo, ao contatar os interessados, vai mostrar as facilidades oferecidas ao projeto, inclusive o fato dele se situar em área da Sudene, defendendo sua localização mais ao norte possível, no caso, o município de São Mateus. Visa-se com isso incentivar a desejável descentralização do crescimento econômico, favorecendo a parte mais setentrional do nosso território.

Em empreendimentos desta natureza há que se harmonizar as estratégias de política de desenvolvimento com a empresarial. Localizar a Usina Termelétrica mais ao norte, em São Mateus, terá como conseqüência fazer com que, mais rapidamente, as linhas de transmissão mais potentes de energia elétrica possam cobrir uma porção maior do nosso território. Da mesma forma, ao permitir atividades de cogeração, incentivar o surgimento de um novo parque industrial em suas vizinhanças. A cogeração implica na produção simultânea de energia elétrica e vapor, e a utilização deste em novos processos industriais.

Esse aspecto tem muita importância nesses tempos de privatização, neoliberalismo e globalização. O Governo, não mais empreendedor, tem que interagir com quem desempenha esse papel tentando conciliar os aspectos regionais e sociais com os empresariais. Foi assim, por exemplo, no traçado do gasoduto Bolívia-Brasil. Se só prevalecessem os princípios empresariais o gás natural não chegaria à região sul do País, pararia em São Paulo, maior mercado, garantindo com maior facilidade a viabilidade econômica do projeto.

A operação a ser realizada com a "abertura" da Escelsa consiste numa simples troca de posição de parceiros, para concretizar a termelétrica sem maioires delongas. O projeto é irreversível porque viável economicamente além de ter um grande trunfo: as reservas de gás natural já estão descobertas (5 bilhões de metros cúbicos) e a Petrobras precisa utilizá-las. Por isso essa empresa está empenhada para entabular negócios com novos sócios.

Na plataforma continental do norte do Espírito Santo prosseguem as atividades exploratórias e a expectativa é muito boa. Segundo a Petrobras, pode-se ali descobrir 30 bilhões de metros cúbicos. Daí porque a capacidade estudada para a termelétrica é considerada mínima.

Esse projeto, associado ao gasoduto Cabiúnas (RJ) - Vitória (ES), já incluído no Programa Federal "Brasil em Ação", que entre outras coisas permitirá a construção de outra termelétrica na Grande Vitória, com maior capacidade (500 MW), levará o Estado a inverter a sua atual situação de dependência quanto ao suprimento de energia elétrica.

Essa rede de infra-estrutura energética também deve ser considerada como um empreendimento de integração nacional. Trata-se de meio-caminho para a interconexão da malha de gasodutos do centro-oeste/sul/sudeste com a do nordeste e uma possibilidade de, via o vale do Rio Doce, atender, no futuro, esta região indo até o quadrilátero ferrífero mineiro.

O Espírito Santo vai deixar de ser ponta-de-linha do sistema elétrico nacional para ser traço-de-união de um outro sistema energético do Brasil.

O autor é economista da ADERES e Secretário-Executivo da Câmara Estadual de Energia.

 
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