Economia & Energia
Ano II - No 10
Setembro/Outubro 1998

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marcos@rio-point.com
Revisado:
Monday, 16 May 2011.

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BALANÇO DE ENERGIA ÚTIL - BEU    Download:

Produção: Ministério de Minas e Energia
Contactos: João Antônio Moreira Patusco
patusco@mme.gov.br

Por energia útil entende-se a energia de que dispõe o consumidor depois da última conversão feita nos seus próprios equipamentos. Trata-se da energia final (a energia fornecida aos equipamentos) diminuída das perdas na conversão.

A identificação desta energia útil permite visualizar quais setores econômicos são energéticamente menos eficientes e quais as formas de energia que são utilizadas com maior eficiência, permitindo, assim, a implementação de programas de substituição e conservação de energia.

Em 1984 realizou-se o primeiro estudo de energia útil ao nível nacional, aplicado ao consumo final de energia por setor econômico de 1983 do BEN, e onde se considerou os usos finais: força motriz, calor de processo, aquecimento direto, iluminação, eletroquímica e outros usos.

Em 1995, por iniciativa do MME, concluiu-se um novo estudo de energia útil, aplicado ao consumo final de energia de 1993 do BEN, incorporando as mudanças tecnológicas ocorridas no período 1983/93 e considerando outros setores de consumo como Alumínio, Açúcar e Pelotização, antes não considerados. O estudo incorpora, ainda, um modelo de previsão do potencial de economia de energia, quando consideradas as eficiências de referência (eficiências dos equipamentos mais modernos, existentes em cada Setor Consumidor, em 1993).

Nas tabelas a seguir são apresentados os principais resultados dos estudos, discriminados por Setores, por Energéticos e por Usos. As colunas das tabelas são assim entendidas:

• 1ª coluna - rendimentos médios
verificados em 1983

• 2ª coluna - rendimentos médios em 1983,
utilizando-se as eficiências de uso de 1993

• 3ª coluna - rendimentos médios
verificados em 1993

• 4ª coluna - rendimentos médios em 1993,
utilizando-se as eficiências de referência

Os rendimentos médios resultam do quociente entre a energia útil e a energia final e são afetados tanto pelas eficiências típicas de cada processo como pela distribuição do uso de energia final. Colocadas dessa forma, essas tabelas permitem isolar os efeitos da melhora de eficiência dos equipamentos (comparação entre a 1ª e 2ª colunas), dos efeitos das alterações na estrutura do consumo (comparação entre a 2ª e 3ª colunas).

RENDIMENTOS MÉDIO POR SETOR - %

SETORES 83 83/93 93 93R
Energético 74 74 72 76
Residencial 23 24 36 45
Público/Comercial/Agricultura 33 36 51 54
Industrial 61 65 67 71
Transportes 32 37 36 40
Total 44 48 52 58

 

RENDIMENTOS MÉDIO POR USO - %

Usos 83 83/93 93 93R
Força Motriz 40 46 46 51
Calor de Processo 66 69 70 74
Aquecimento Direto 38 40 50 57
Outros 22 27 32 41
Total 44 48 52 58

 

RENDIMENTOS MÉDIO POR FONTE - %

Fontes 83 83/93 93 93R
Gás Natural/Gás/GLP 54 59 60 61
Carvão Vegetal/Lenha/Bagaço 35 36 48 55
Eletricidade 66 72 69 77
Óleo Combustível 66 72 71 73
Gasolina/Querosene/Diesel/Álcool 32 37 36 40
Total 44 48 52 58

As tabelas mostram que do BEU/83 ao BEU/93 o rendimento energético total passou de 44% a 52%, ou seja aumentou 8 pontos percentuais.

Metade desse aumento se deve à melhora efetiva no rendimento dos equipamentos. A outra metade se deve à redução da participação de energéticos de usos menos eficientes (lenha, carvão mineral, etc), pelo aumento da participação de energéticos de usos mais eficientes (GLP, gás natural, gás de cidade, energia elétrica, etc).

A hipótese de se adotar, para 1993, as eficiências de referência (sem alteração na estrutura do consumo), propicia uma melhora adicional no rendimento energético total de 6 pontos percentuais (comparação entre a 3ª e 4ª colunas).

ANÁLISE SETORIAL

Setor Energético

O consumo de energia no Setor Energético brasileiro está centrado, em grande parte, em duas áreas: Refino de Petróleo e Destilarias de Álcool. Na geração e distribuição de eletricidade há pouco consumo final de energia.

O refino do petróleo, que é a atividade onde se consome mais energia, aumentou em apenas 18% no período 1983/93 (cerca de 1,7% ao ano).

A produção de álcool teve, nesse período, um aumento de 43% (3,6% ao ano).

Dessa forma, a maior penetração do bagaço de cana - de uso menos eficiente que os demais combustívies - acabou proporcionando uma redução no rendimento médio do Setor Energético como um todo.

Setor Residencial

O aumento de rendimento médio decorreu de uma série de fatores, tais como:

– o aumento da participação do GLP(7 a 10 vezes mais eficiente que a lenha);

– o aumento de 80% no consumo da energia elétrica no Setor (6% ao ano);

– o aumento de participação dos usos mais eficientes da energia elétrica, como por exemplo: os outros usos (aparelhos eletrônicos), o uso como força motriz (eletrodomésticos em geral) e o uso como calor de processo;

– a melhora de rendimento nos usos finais, como força motriz e iluminação.

 

Público, Comercial e Agropecuário

Em linhas gerais, esses três setores passaram por um processo semelhante ao descrito no Setor Residencial:

– aumento do consumo de energia elétrica (64% no Setor Comercial, 60% no Setor Público e 149% no Setor Agropecuário);

– aumento dos usos mais eficientes da eletricidade;

– melhoria de eficiência de processos elétricos,

– diminuição do consumo da lenha (43% no Setor Comercial, 83% no Setor Público e 40% no Setor Agropecuário).

 

Setor de Transportes

O uso de energia no Setor de Transportes está muito identificado com o uso força motriz e com os combustíveis gasolina, querosene, diesel e álcool, de forma que as modificações observadas estão, em grande parte, associadas à melhora da eficiência dos motores.

A redução no rendimento médio da 2ª para a 3ª coluna se deve ao aumento da participação da gasolina e do álcool no setor, cujas eficiências de uso são menores que as do diesel.

Setor Industrial

No Setor Industrial o rendimento médio passou de 61% a 67%. Foram ganhos 4 pontos percentuais devido ao aumento da eficiência dos equipamentos e ganhos 2 pontos percentuais devido às alterações estruturais do consumo. Contribuíram para esses ganhos, por exemplo, o maior uso de gás natural e de eletricidade e, também, o maior crescimento de segmentos industriais mais eficientes em termos energéticos.

É importante salientar que a expansão do Setor Industrial tem ocorrido com a instalação de plantas industriais mais eficientes que as existentes.

CONCLUSÕES

Os resultados dos estudos mostram que houve uma melhora significativa no rendimento médio de uso da energia do Sistema Produtivo Brasileiro.

Assim, constata-se que de 1983 a 1993, houve um aumento de apenas 28% (2,5% ao ano-eletricidade=860 kcal/kWh) em termos de energia final, embora o aumento de energia útil seja estimado em 51% (4,2% ao ano).

O crescimento do PIB, no mesmo período, foi, no entanto, de apenas 31% (2,7% ao ano), aparentando correlacionar-se melhor com a variação da energia final do que com a energia útil.

Para explicar esse elevado aumento de consumo de energia útil por unidade de PIB, é conveniente lembrar, inicialmente, que nem toda energia útil se destina a atividades produtivas. Assim, a parcela da energia útil destinada ao setor residencial não se vincula diretamente ao sistema produtivo. Isso ocorre, também, com parte da energia útil destinada ao setor público e ao setor de transportes. Essa energia é consumida para gerar bem estar à população, não se vinculando, todavia, à atividade produtiva.

Outro fato que explica o aumento da intensidade energética, foi a opção do Brasil pelo forte crescimento de segmentos energointensivos, com capacidade de geração de Valor Agregado desproporcional ao consumo de energia (Alumínio, Aço, Soda-cloro, Papel e Celulose, Fertilizantes, etc).

O contexto atual da economia mundial, em que alguns produtos tiveram drásticas reduções de preços, também contribuiu para esse aumento da intensidade.

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