BALANÇO DE ENERGIA
ÚTIL - BEU
Produção: Ministério de Minas e Energia
Contactos: João Antônio Moreira Patusco
patusco@mme.gov.br
Por energia útil entende-se a
energia de que dispõe o consumidor depois da última conversão feita nos seus próprios
equipamentos. Trata-se da energia final (a energia fornecida aos equipamentos) diminuída
das perdas na conversão.
A identificação desta energia útil permite visualizar quais
setores econômicos são energéticamente menos eficientes e quais as formas de energia
que são utilizadas com maior eficiência, permitindo, assim, a implementação de
programas de substituição e conservação de energia.
Em 1984 realizou-se o primeiro estudo de energia útil ao nível
nacional, aplicado ao consumo final de energia por setor econômico de 1983 do BEN, e
onde se considerou os usos finais: força motriz, calor de processo,
aquecimento direto, iluminação, eletroquímica e outros usos.
Em 1995, por iniciativa do MME, concluiu-se um novo estudo de
energia útil, aplicado ao consumo final de energia de 1993 do BEN, incorporando as
mudanças tecnológicas ocorridas no período 1983/93 e considerando outros setores de
consumo como Alumínio, Açúcar e Pelotização, antes não considerados. O estudo
incorpora, ainda, um modelo de previsão do potencial de economia de energia,
quando consideradas as eficiências de referência (eficiências dos equipamentos
mais modernos, existentes em cada Setor Consumidor, em 1993).
Nas tabelas a seguir são apresentados os principais resultados dos
estudos, discriminados por Setores, por Energéticos e por Usos. As colunas das tabelas
são assim entendidas:
1ª coluna - rendimentos médios
verificados em 1983
2ª coluna - rendimentos médios em 1983,
utilizando-se as eficiências de uso de 1993
3ª coluna - rendimentos médios
verificados em 1993
4ª coluna - rendimentos médios em 1993,
utilizando-se as eficiências de referência
Os rendimentos médios resultam do quociente entre a energia útil e
a energia final e são afetados tanto pelas eficiências típicas de cada processo como
pela distribuição do uso de energia final. Colocadas dessa forma, essas tabelas
permitem isolar os efeitos da melhora de eficiência dos equipamentos (comparação entre
a 1ª e 2ª colunas), dos efeitos das alterações na estrutura do consumo (comparação
entre a 2ª e 3ª colunas).
RENDIMENTOS MÉDIO POR SETOR - %
SETORES |
83 |
83/93 |
93 |
93R |
Energético |
74 |
74 |
72 |
76 |
Residencial |
23 |
24 |
36 |
45 |
Público/Comercial/Agricultura |
33 |
36 |
51 |
54 |
Industrial |
61 |
65 |
67 |
71 |
Transportes |
32 |
37 |
36 |
40 |
Total |
44 |
48 |
52 |
58 |
RENDIMENTOS MÉDIO POR USO - %
Usos |
83 |
83/93 |
93 |
93R |
Força Motriz |
40 |
46 |
46 |
51 |
Calor de Processo |
66 |
69 |
70 |
74 |
Aquecimento Direto |
38 |
40 |
50 |
57 |
Outros |
22 |
27 |
32 |
41 |
Total |
44 |
48 |
52 |
58 |
RENDIMENTOS MÉDIO POR FONTE - %
Fontes |
83 |
83/93 |
93 |
93R |
Gás Natural/Gás/GLP |
54 |
59 |
60 |
61 |
Carvão Vegetal/Lenha/Bagaço |
35 |
36 |
48 |
55 |
Eletricidade |
66 |
72 |
69 |
77 |
Óleo Combustível |
66 |
72 |
71 |
73 |
Gasolina/Querosene/Diesel/Álcool |
32 |
37 |
36 |
40 |
Total |
44 |
48 |
52 |
58 |
As tabelas mostram que do BEU/83 ao BEU/93 o rendimento
energético total passou de 44% a 52%, ou seja aumentou 8 pontos percentuais.
Metade desse aumento se deve à melhora efetiva no rendimento dos
equipamentos. A outra metade se deve à redução da participação de energéticos
de usos menos eficientes (lenha, carvão mineral, etc), pelo aumento da
participação de energéticos de usos mais eficientes (GLP, gás natural, gás de
cidade, energia elétrica, etc).
A hipótese de se adotar, para 1993, as eficiências
de
referência (sem alteração na estrutura do consumo), propicia uma melhora
adicional no rendimento energético total de 6 pontos percentuais (comparação entre
a 3ª e 4ª colunas).
ANÁLISE SETORIAL
Setor Energético
O consumo de energia no Setor Energético brasileiro está centrado,
em grande parte, em duas áreas: Refino de Petróleo e Destilarias de Álcool. Na
geração e distribuição de eletricidade há pouco consumo final de energia.
O refino do petróleo, que é a atividade onde se consome mais
energia, aumentou em apenas 18% no período 1983/93 (cerca de 1,7% ao ano).
A produção de álcool teve, nesse período, um aumento de 43%
(3,6% ao ano).
Dessa forma, a maior penetração do bagaço de cana - de uso menos
eficiente que os demais combustívies - acabou proporcionando uma redução no rendimento
médio do Setor Energético como um todo.
Setor Residencial
O aumento de rendimento médio decorreu de uma série de fatores,
tais como:
o aumento da participação do GLP(7 a 10 vezes mais
eficiente que a lenha);
o aumento de 80% no consumo da energia elétrica no Setor (6%
ao ano);
o aumento de participação dos usos mais eficientes da
energia elétrica, como por exemplo: os outros usos (aparelhos eletrônicos), o uso como
força motriz (eletrodomésticos em geral) e o uso como calor de processo;
a melhora de rendimento nos usos finais, como força motriz e
iluminação.
Público, Comercial e Agropecuário
Em linhas gerais, esses três setores passaram por um processo
semelhante ao descrito no Setor Residencial:
aumento do consumo de energia elétrica (64% no Setor
Comercial, 60% no Setor Público e 149% no Setor Agropecuário);
aumento dos usos mais eficientes da eletricidade;
melhoria de eficiência de processos elétricos,
diminuição do consumo da lenha (43% no Setor Comercial, 83%
no Setor Público e 40% no Setor Agropecuário).
Setor de Transportes
O uso de energia no Setor de Transportes está muito identificado
com o uso força motriz e com os combustíveis gasolina, querosene, diesel e
álcool, de forma que as modificações observadas estão, em grande parte, associadas à
melhora da eficiência dos motores.
A redução no rendimento médio da 2ª para a 3ª coluna se deve ao
aumento da participação da gasolina e do álcool no setor, cujas eficiências de uso
são menores que as do diesel.
Setor Industrial
No Setor Industrial o rendimento médio passou de 61% a 67%. Foram
ganhos 4 pontos percentuais devido ao aumento da eficiência dos equipamentos e ganhos 2
pontos percentuais devido às alterações estruturais do consumo. Contribuíram para
esses ganhos, por exemplo, o maior uso de gás natural e de eletricidade e, também, o
maior crescimento de segmentos industriais mais eficientes em termos energéticos.
É importante salientar que a expansão do Setor Industrial tem
ocorrido com a instalação de plantas industriais mais eficientes que as existentes.
CONCLUSÕES
Os resultados dos estudos mostram que houve uma melhora
significativa no rendimento médio de uso da energia do Sistema Produtivo Brasileiro.
Assim, constata-se que de 1983 a 1993, houve um aumento de apenas
28% (2,5% ao ano-eletricidade=860 kcal/kWh) em termos de energia final, embora o aumento
de energia útil seja estimado em 51% (4,2% ao ano).
O crescimento do PIB, no mesmo período, foi, no entanto, de apenas
31% (2,7% ao ano), aparentando correlacionar-se melhor com a variação da energia final
do que com a energia útil.
Para explicar esse elevado aumento de consumo de energia útil por
unidade de PIB, é conveniente lembrar, inicialmente, que nem toda energia útil se
destina a atividades produtivas. Assim, a parcela da energia útil destinada ao setor
residencial não se vincula diretamente ao sistema produtivo. Isso ocorre, também, com
parte da energia útil destinada ao setor público e ao setor de transportes.
Essa
energia é consumida para gerar bem estar à população, não se vinculando, todavia,
à atividade produtiva.
Outro fato que explica o aumento da intensidade energética, foi a
opção do Brasil pelo forte crescimento de segmentos energointensivos, com
capacidade de geração de Valor Agregado desproporcional ao consumo de energia
(Alumínio, Aço, Soda-cloro, Papel e Celulose, Fertilizantes, etc).
O contexto atual da economia mundial, em que alguns produtos
tiveram drásticas reduções de preços, também contribuiu para esse aumento da
intensidade.
Estão disponíveis para download os seguintes arquivos:
Balanço de Energia Útil -
Texto - beutexto.zip 265 KB - gera
arquivos em Word
Dados 1993 beu93.zip 285 KB - gera arquivos em Excel
Dados 1983 beu83.zip 384 KB - gera arquivos em Excel
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