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O PROJETO ENERGÉTICO DO ESPÍRITO SANTO
Genserico Encarnação Jr. O Governo Vitor Buaiz concebeu e criou a Agência de Desenvolvimento em Rede do Espírito Santo - ADERES para promover a articulação governamental com os vários agentes, estatais e privados, na condução dos chamados projetos estruturantes, que estarão na base de um novo ciclo de desenvolvimento do Estado. A despeito dos naturais problemas e obstáculos decorrentes da implantação de um órgão do seu porte, a ADERES vem obtendo sucesso na sua missão, que inclui como atividades-fim: a expansão das atividades portuárias, a construção das ferrovias litorâneas norte e sul, a promoção ao turismo, o incentivo ao agronegócio e o projeto energético. Neste particular, o objetivo central é a reversão do atual quadro de dependência energética do Estado, onde se produz somente 20% da energia elétrica consumida. Neste cálculo não está incluída a significativa energia cogerada no processo industrial da CST e Aracruz Celulose, portanto, energia elétrica auto-produzida. A obtenção desse objetivo é comprovadamente viável e o grande condutor desse processo será o gás natural. A Petrobras produz, em terra e mar capixabas, cerca de 700 mil metros cúbicos diários de gás natural, colocando-o no mercado através de gasoduto que liga São Mateus à Grande Vitória. Esta Companhia está prestes a aumentar em um milhão de metros cúbicos diários essa disponibilidade, com as descobertas já realizadas. A maior parte deste volume será utilizada na geração de energia termelétrica no Norte do Estado, em parceria com a Escelsa, com capacidade de 150 megawatts (MW). Pensar numa produção local de 2 milhões de metros cúbicos diários é plenamente justificável, diante das excelentes possibilidades da bacia geológica do Espírito Santo. A Petrobras e outras empresas do gênero, trabalhando em parceria, poderão ultrapassar em muito esse patamar, com razoável segurança, no médio prazo. Por seu turno, estuda-se a extensão da rede de gasodutos do Sul do País, interligando a malha fluminense com a capixaba, o que permitirá uma oferta adicional de aproximadamente 5 milhões de metros cúbicos diários. Esse gás deverá servir prioritariamente aos projetos da Vale do Rio Doce, que inclui a construção de uma Usina Termelétrica na Grande Vitória com capacidade aproximada de 500 megawatts (MW). Com isso, a região produtora e o mercado gaseífero capixabas estarão ligados à Bacia de Campos e à rede de dutos por onde será importado o gás natural boliviano, argentino e, futuramente, peruano. O mercado previsto para o Estado é de cerca de 7 milhões de metros cúbicos diários, um dos maiores do Brasil. A construção das duas usinas termelétricas, acrescentando 650 MW à capacidade atual de 200 MW, praticamente deixará o Espírito Santo às portas de sua auto-suficiência em energia elétrica.Tudo dentro dos melhores padrões ambientais, que só o gás natural permite. Ao lado desses grandes empreendimentos em que a ADERES funciona como articulador em nome do Governo, ela estará participando também, conjuntamente com a Secretaria da Agricultura, Concessionárias de Energia Elétrica e Prefeituras Municipais, em iniciativas para a viabilização de eletrificação rural de cerca de 3.000 propriedades. Com outras Secretarias, analisa a eletrificação de escolas em comunidades carentes e afastadas das redes de energia elétrica no âmbito de um programa federal (PRODEEM). A ADERES ainda sedia e coordena a Câmara Estadual de Energia e a Comissão de Fiscalização da Concessão de Distribuição de Gás Canalizado no Estado (COFISGAS). A Câmara é um fórum onde têm assento todos os segmentos representativos do setor energético do ES. A COFISGAS é onde, formalmente, encontram-se os representantes do poder concedente (o Estado) e a concessionária (Petrobras Distribuidora), com o suporte técnico de dois comitês (industrial e trabalhista), para o exercício da fiscalização da referida concessão. Deve-se também destacar a assessoria da ADERES aos trabalhos do Balanço e Matriz Energéticos do ES, sendo elaborados pelo Instituto Jones Santos Neves, da Secretaria de Coordenação do Planejamento, bem como do levantamento e estudo do aproveitamento dos recursos hídricos em energia e saneamento, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, Escelsa e Cesan. O projeto energético do Governo do Estado pretende, através do seu agente executor - a ADERES, em articulação com outros órgãos governamentais e privados, contando com o bom encaminhamento das iniciativas aqui mencionadas, legar ao seu sucessor, no final do próximo ano, a garantia de melhores dias no campo da energia, consubstanciada num Plano Diretor que sugerirá o bom desdobramento das ações até então empreendidas. O autor é economista da ADERES e Secretário-Executivo da Câmara Estadual de Energia. |